Por Fephs Lima
Sinopse:
Esta obra que fala da solidão e da saudade é introduzida com um lindo prefácio, no qual está escrito uma frase cuja moral diz que sempre é tempo de se voltar e ser aquilo que não se pode ser no passado, pois a vida é este recomeço, no qual, algumas vezes se está preparado para determinada situação, no entanto, em outras, ainda não. Por isto a pertinência de voltar à medida que o ser se forma nas suas andanças e mudanças tornando-se mais preparado para lidar com as situações.
Os poemas exploram a solidão percebida pela ardência da saudade, começando por explorar os primeiros relacionamentos e as primeiras perdas, como o vivenciado após a primeira relação amorosa, quando se finda o envolvimento amoroso dando margem ao peso da saudade que se torna como uma sombra a enegrecer até mesmo a percepção dos sentidos, os quais ficam impossibilitados de contemplar a lua, ou o céu.
Esta saudade é tão grande, tão impactante que o seu alcance se estende por todo o “espaço da ausência”, a saudade é a própria ausência, o eu-lírico atormentado pela percepção da sua solidão tenta fugir para o alcance onírico dos sonhos, no entanto, a casa vazia é destacada pela reflexão do céu, tornando evidente que a sua casa, é como ele próprio, uma “casa de passagem”, muitos se abrigam por tempos ali, mas com o tempo, todos partem.O tempo que é tido por tantos como uma dádiva capaz de cicatrizar, amenizas as dores, é para a autora uma coisa estranha, que traz não a paz da resolução de todos os conflitos, apenas “selam com um beijo maldito”, todas as coisas que foram perdidas, o tempo destaca a perda, a dissolução dos laços, desorienta os mais fortes, e a autora, em sua saudade aprende a seguir, “ainda que não saiba como”.
Assim que vi este título, achei que o livro ia tratar da solidão de uma maneira muito mais ampla, do verdadeiro se sentir sozinho mesmo não estando.
De certa forma, eu estava certo, contudo, o livro se segmenta para uma solidão amorosa, que, com o passar das páginas, sentimos pelas palavras da autora um estado que a mesma se encontra após o término de um relacionamento que foi consistente e significante para ambas as partes.
“quis que o vento
inventasse de frente
o inverno nos teu cabelos
rajadas de frio
renovam as células o coração e
o poema nascido da cicatriz
que vai do umbigo à clavícula
da tua genética liberdade”
Podemos notar também durante seus poemas que a autora trabalha seus versos com rimas desconstruídas, que me remeteu ao imagismo, com uma liberdade na melodia que a obra possui.
Achei curioso o fato dos poemas não contarem com título e ao terminar de ler o livro, me dei conta que realmente não há essa necessidade, já que os poemas se interligam. São poemas consequentes de outros poemas, sentimentos que advém de outros sentimentos e possuem um elo super tênue, com essa ausência de título deixando a relação entre elas ainda mais notável.
Outro jeito de percebermos isso é pelo fato de grande parte dos poemas começarem com letras minúsculas, dando a entender novamente sobre a contínua solidão e emoções que a autora, com sucesso, busca nos passar durante a leitura.
Também achei interessante como a Fabíola encontra diversas formas de apresentar seus poemas, como pelo o uso de onomatopeias, por exemplo, oferecendo dinamismo à leitura.
“já tive
minha cota de abismos
hoje quero
a superfície
das relações”
Há quem já esteja acostumado com minhas resenhas e sabem que o mais me agrada em um livro é o fato dele me surpreender e cá estamos mais uma vez nos tratando de uma obra que me surpreendeu, me proporcionando sentimentos, forma que a autora encontrou de vomitar emoções que estavam entalados na garganta.
Este foi o primeiro livro da Editora Penalux que tive a oportunidade de ler e foi amor a primeira leitura, já que me deu vontade de conhecer ainda mais as obras que a mesma fica responsável e que vocês terão a oportunidade de conhecer em breve, aqui, no Arena Literária.
Ensaio sobre a Solidão – Fabíola Weykamp
Editora: Penalux
Lançamento: 2018
Páginas: 128
Nota: 5/5
⭐⭐⭐⭐⭐
Preço mínimo: R$ 36,00 (Penalux)
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A obra foi disponibilizada gratuitamente para o Arena Literária
Foto: Divulgação/Penalux
2 comentários em “Resenha: Ensaio Sobre a Solidão, de Fabíola Weykamp – por Fephs Lima”